Rede Urbana
A rede urbana é formada pelo sistema de cidades, no
território de cada país interligadas umas às outras através dos sistemas de
transportes e de comunicações, pelos quais fluem pessoas, mercadorias,
informações etc. Obviamente as redes urbanas dos países desenvolvidos são mais
densas e articuladas, pois tais países apresentam alto nível de
industrialização e de urbanização, economias diversificadas e dinâmicas, vigoroso
mercado interno e alta capacidade de consumo. Quanto mais complexa a economia
de um país ou de uma região, maior é a sua taxa de urbanização e a quantidade
de cidades, mais densa é a sua rede urbana e, portanto, maiores são os fluxos
que as interligam. As redes urbanas de muitos países subdesenvolvidos,
particularmente daqueles de baixo nível de industrialização e urbanização, são
muito desarticuladas, por isso as cidades estão dispersas no território, muitas
vezes nem mesmo formando propriamente uma rede.
Assim,
As redes das cidades mais densas e articuladas surgem justamente naquelas
regiões do planeta onde estão as megalópoles: nordeste e costa oeste dos
Estados Unidos, porção ocidental da Europa e sudeste da ilha de Honshu no
Japão, embora haja importantes redes em outras regiões do planeta, como aquelas
polarizadas pela Cidade do México, por São Paulo, por Buenos Aires e muitas
outras de menor importância espalhadas pelo mundo.
A complexidade da rede urbana brasileira
A rede
urbana brasileira, nos últimos anos, vem passando por um grande processo de
transformação oriundo do forte fenômeno de integração dos mercados
proporcionado pela Globalização.
Estas
cidades ligadas umas as outras estão em processo contínuo de dinamismo e
assumem a sua importância dentro da rede de acordo com a sua produção,
circulação, consumo e os diversos aspectos das relações sociais.
Segundo Correa (2001, p. 359), há alguns tipos de redes,
como exemplo, tem-se redes do tipo solar, dendrítico, christalleriano, axial e
complexo. Nas formas mais antigas desse sistema integrado de cidades a rede
dendrítica tomava destaque, posteriormente, a forma mais comum das redes de
cidades caracterizava-se pelo modelo Christalleriano, ou seja, um modelo baseado
na teoria dos lugares centrais, por sua vez, de acordo com Christaller (1966),
consiste no desenvolvimento desigual dos centros urbanos, com um grande centro
urbano se sustentando no fornecimento de serviços especializados – centrais –
cuja produtividade é superior à encontrada em centros urbanos menores.
A rede urbana brasileira, até a década de 1970,
caracterizava-se, de acordo com Corrêa (2001, p.360), por uma menor
complexidade funcional dos seus centros urbanos, ou seja, por um pequeno grau
de articulação entre os centros urbanos, com interações espaciais
predominantemente regionais, e pela existência de padrões espaciais simples.
Corrêa (2001, p.428) ressalta que, a partir desse período, as modificações que,
sobretudo, irão caracterizar a rede urbana brasileira são a continuidade da
criação de novos núcleos urbanos, a crescente complexidade funcional dos
centros urbanos, a mais intensa articulação entre centros e regiões, a
complexidade dos padrões espaciais da rede e as novas formas de urbanização.
Tais mudanças constituem expressão continuada e atualizada de uma estrutura
social crescentemente diferenciada e complexa, visto que as relações sociais,
seja por meio de fatores internos ou externos, estruturam o processo de
urbanização, que, no caso brasileiro, traduz-se em uma maior complexidade da
rede urbana, uma vez que se constitui em um reflexo, um meio e uma condição
social. A rede urbana reflete e reforça as características dos contextos
políticos, econômicos e socioculturais da própria realidade em sua
complexidade.
A verdade é que ultimamente as
relações entre as cidades brasileiras estão bem mais integradas, as cidades não
estão mais inseridas, somente, na economia regional. “Trata-se, em toda parte,
de uma rede urbana que sofreu o impacto da globalização, na qual, cada centro,
por minúsculo que seja, participa, ainda que não exclusivamente, de um ou mais
circuitos espaciais de produção” (SANTOS, 1988).
A rede de cidades continua sendo
um sistema integrado e hierarquizado que vai dos pequenos aglomerados às
regiões metropolitanas ou grandes cidades, mas suas conexões, no entanto,
adquirem contornos complexos, agora não mais exibindo um padrão exclusivamente
christalleriano e muito menos dendrítico como aponta Corrêa (2001, p. 365),
estabelece-se assim uma relação de múltiplos circuitos na rede urbana.
Artigo de
LAZARO WANDSON DE NAZARÉ TELES
Bibliografia
CORRÊA,
Roberto Lobato. A rede urbana brasileira e a sua dinâmica: algumas reflexões e
questões. In: SPÓSITO, M.E. B. (org.). Urbanização e cidades: perspectivas
geográficas. Presidente Prudente: [s.n.], 2001. (p.359-367).
CORRÊA,
Roberto Lobato. Reflexões sobre a dinâmica recente da rede urbana brasileira.
ENCONTRO NACIONAL DA ANPUR, IX, 2001, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro:
ANPUR, vol. 1, 2001(p.424-430).
CHRISTALLER, W. Central places in southern germany.
Englewood Cliffs: Prentice-Hall, 1966.
SANTOS, M.:
Metamorfoses do Espaço Habitado. São Paulo: Hucitec, 1988.
Fonte:
Ótimo texto!
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