Complexo Regional Amazônico.


Complexo Amazônico.

O Brasil é regionalizado de duas formas: em cinco macrorregiões (Norte, Sul, Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste) e em complexos regionais (Centro-Sul, Nordeste e Amazônia). Os grandes complexos regionais foram formados a partir de critérios socioeconômicos de Pedro Pinchas.
O complexo regional amazônico compreende cerca de 60% do território do país, onde vivem apenas 7% de toda população nacional, figura como o menos povoado. Em razão de o número de população absoluta e relativa ser modesto, ocorre um grande vazio demográfico. Fato que promoveu um isolamento da região em relação aos outros pontos do país, além de ter impedido maior desenvolvimento econômico, por outro lado, as paisagens naturais (floresta equatorial) e o clima (quente e chuvoso) é o que caracteriza esse complexo regional.


As atividades econômicas desenvolvidas no complexo regional amazônico durante muito tempo estiveram ligadas basicamente ao extrativismo vegetal e mineral (atividade primária). Enquanto que a produção industrial manteve-se estável durante muito tempo, ou seja, sem apresentação de crescimento significativo; o que prova a pouca participação dessa parte do país na produção industrial.
A partir dos anos 80, a porção leste desse complexo regional conseguiu alcançar uma elevação nos índices de desenvolvimento e também de povoamento, proveniente da ocupação agropecuária e da intensificação de extração mineral. Porém, a maneira como esse processo está ocorrendo tem deixado um saldo negativo na região, especialmente no âmbito ambiental, pois a floresta Amazônica tem sido destruída com o objetivo de servir uma minoria de pessoas.
A mineração tem ocupado um lugar de destaque, uma vez que existem importantes jazidas de minérios, como a Serra dos Carajás e Oriximiná. A produção agropecuária tem sido difundida na região, com a criação de gado e o cultivo de monoculturas, como a soja.

  
  Historicamente, essa foi uma das primeiras áreas exploradas pelos europeus, os quais, já no século XVI, extraíam da floresta, às margens dos grandes rios, as chamadas drogas do sertão. No entanto, ainda hoje, a Amazônia é o complexo regional que apresenta as menores densidades demográficas do país, com uma rede urbana composta de algumas metrópoles, capitais regionais e cidades locais dispersas na imensidão da floresta. Cabe ressaltar, porém, que essas características do espaço geográfico amazônico vêm mudando rapidamente nas últimas décadas em razão, sobretudo, do movimento de expansão da fronteira econômica a partir do Centro-Sul do país.

O BIOMA AMAZÔNICO


  A Floresta Amazônica estende-se por aproximadamente 7,5 milhões de km², abrangendo quase a metade do Brasil e boa parte do território de outros oito países (Guiana Francesa, Suriname, Guiana, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia). Toda essa área corresponde à chamada Amazônia Internacional.



- Relevo: O relevo Amazônico é na sua maioria de baixa altitude  em razão das planícies fluviais dos rios Amazonas e Araguaia, e das depressões. No extremo norte, há um pequeno pedaço de planalto (planaltos residuais norte-amazônicos), e logo embaixo, uma grande depressão (depressão marginal norte-amazônica). Há também pequenas partes de planaltos residuais no sul da região. Por fim, no leste há a depressão do Araguaia, e também planaltos e chapadas da bacia do Parnaíba.


Destacando que no ponto mais setentrional do país, no planalto residual norte-amazônico, estão os picos mais altos do Brasil: o Pico da Neblina (3014m) e o 31 de Março (2992m).


- Hidrografia: a hidrografia da Amazônia é a característica mais marcante deste complexo regional. Contém a maior bacia hidrográfica  do planeta, que se extende por mais de 7 milhões de quilômetros quadrados (4 milhões no Brasil). O rio Amazonas contribui com boa parte desse número, pois sua extensão da nascente à foz é de 7100km.
As nascentes dos rios mais importantes, como Solimões, Negro, Madeira, etc, nascem na Cordilheira dos Andes, no Peru. Alguns atravessam outros países antes de chegar ao Brasil, como Equador, Colômbia, Venezuela, Guianas, etc.
Toda esta rede hidrográfica depende de dois fatores: a floresta amazônica, e o clima equatorial, com chuvas em quase todos os dias do ano.


- Clima: O clima predominante no complexo regional Amazônico é o Equatorial úmido, que é quente e úmido, gerando altas taxas de precipitação (cerca de 2500mm anuais). A temperatura é bem estável, sempre em torno de 25ºC.
Numa pequena porção setentrional do país, há o clima equatorial semi-úmido, que ainda é quente, mas menos chuvoso. Isso por causa do relevo acidentado (o planalto residual norte-amazônico), e das correntes de ar que levam as massas equatoriais para o sul, entre os meses de setembro a novembro.
No sudeste do complexo regional, está presente o clima tropical, que recebe influências do equatorial úmido (quente) e das massas polares do sul (fria), resultando em estações do ano bem definidas.
 
Vegetação: A vegetação da Amazônia é fortemente influenciada pelo clima quente e hidrografia, que juntos propiciaram a formação da Floresta Amazônica, a mais exuberante e diversificada floresta no planeta Terra. Ocupa cerca de 40% do território Brasileiro (3,5 milhões de km²).

A dificuldade para a entrada de luz pela abundância de copas, faz com que a vegetação rasteira seja muito escassa na Amazônia, bem como os animais que habitam o solo e precisam dessa vegetação rasteira. A maior parte da fauna amazônica é composta de animais que habitam as copas das árvores, entre 30 e 50 m. Não existem animais de grande porte, como nas savanas. Entre as aves da copa estão os papagaios, tucanos e pica-paus. Entre os mamíferos estão os morcegos, roedores, macacos e marsupiais.

Amazônia Internacional
  Quando falamos em Amazônia, temos guardado em nosso imaginário o imenso "mar verde" de árvores, cujas copas proporcionam um aspecto paisagístico homogêneo à região. Contudo, devemos lembrar que esse bioma terrestre apresenta características naturais (geomorfológicas, hidrológicas e de fauna e flora) que compõem quatro conjuntos florestais distintos, porém, interligados. São eles: as matas de igapó, as matas de várzea, as matas de terra firme e a floresta semiúmida.
Matas de igapó - desenvolvem-se às margens de rios e igarapés, estando sempre alagadas. Os solos e a água apresentam elevado grau de acidez, decorrente da grande quantidade de matéria orgânica em decomposição nesse ambiente. São constituídas por uma densa vegetação, com árvores relativamente baixas, de no máximo 20 metros de altura, e apresentam uma abundância de arbustos e cipós. Entre as árvores típicas desse ecossistema estão a mamorana, o taxi, a oirana e o arapati.


Matas de várzea - tipo de vegetação de transição entre as matas de igapó e as matas de terra firme. Ocupam as áreas que são sazonalmente atingidas pelas cheias (áreas de várzea dos rios), localizando-se em terrenos um pouco mais elevados que os das matas de igapó. Apresentam árvores e arbustos adaptados aos ciclos de cheias e vazantes, como o pau-mulato, a seringueira e a samaúma.



Matas de terra firme - compõem a maior parte da floresta, ocupando cerca de 90% do total da bacia hidrográfica Amazônica, e desenvolve-se nas terras mais altas, que não são atingidas pelo regime de cheias e vazantes. É onde se encontram as árvores de maior porte da Amazônia, cujo dossel (cobertura contínua formada pelas copas das árvores que se tocam em uma floresta) encontra-se a mais ou menos 60 metros de altura e retém aproximadamente 95% dos raios solares. Por isso, o interior das matas de terra firme é bastante escuro, com espécies animais e vegetais adaptadas à baixa luminosidade. A castanheira, a sapucaia, o caucho e o cedro são exemplos de árvores típicas desse ambiente.
Floresta semiúmida - formação vegetal de transição entre a floresta e as áreas de campinaranas e de cerrados. Constitui-se de árvores mais baixas que as de terra firme, com até 15 metros de altura, cujas folhas caducam no período de estiagem. Reúne ainda grande quantidade de arbustos, lianas e gramíneas em seu interior. As árvores típicas dessa formação são a aroeira, o jacarandá e a paineira.
  No interior do bioma amazônico há também extensas áreas de campos e de cerrados. Os campos amazônicos, também denominados de campinaranas, ocorrem, sobretudo, no alto rio Negro, no estado do Amazonas, e no baixo rio Branco, no estado de Roraima. Em geral, são formações abertas, composta de gramíneas, palmeiras e pequenos arbustos adaptados ao solo rico em laterita. Já os cerrados desenvolvem-se em toda a borda setentrional-oriental da Amazônia, apresentando as mesmas características que no Centro-Oeste brasileiro.


A INTERDEPENDÊNCIA DOS ELEMENTOS DO BIOMA AMAZÔNICO


  A diversidade de formações vegetais presentes no bioma amazônico decorre de uma complexa interdependência que se estabelece nessa porção do território nacional, entre o clima, a hidrografia, os solos e o relevo. 
   O clima equatorial, dominante nessa região do país, é responsável pelas altas temperaturas (com média anual de 25ºC) e pelos elevados índices de precipitação, que variam entre 1.500 mm e 3.300 mm anuais. Esse tipo de clima é altamente favorável ao desenvolvimento de variadas espécies vegetal, com a presença de florestas mais densas e, em sua maior parte, perenifólias e higrófitas.

  Essa imensa biomassa responde, ainda, por 50% da umidade atmosférica que alimenta as fortes chuvas diárias que ocorrem em boa parte Amazônia: as chamadas chuvas de convecção. A elevada umidade é fornecida ao ar atmosférico por meio da evapotranspiração das plantas. A outra parcela de umidade provém da evaporação das águas dos rios e dos lagos, assim como das massas de ar dominantes na região.

 

 Ainda que os altos índices de pluviosidade e as elevadas temperaturas sejam características climáticas marcantes desse complexo regional, é importante lembrar que existem diferenças sensíveis  entre as diversas áreas da Amazônia. Na porção mais ocidental, há uma distribuição regular de chuvas durante o ano, com médias de precipitação superiores a 2.500 mm anuais. Em Roraima e no Pará encontra-se uma estação mais seca (de dezembro a fevereiro), contabilizando índices de precipitação abaixo dos 2.000 mm anuais. Já em Tocantins, existem duas estações bem definidas, uma seca e outra chuvosa, apresentando médias de precipitação em torno de 1.600 mm anuais. Em razão dessas variações, estabelece-se três tipos climáticos para a região: equatorial superúmido, equatorial e tropical típico.

  Além da interdependência de clima e vegetação, aspectos ligados ao solo e à hidrografia da região também influenciam as características da floresta. De maneira geral, os solos da região Amazônica são predominantemente arenosos e pobres em nutrientes, apresentando uma fina camada superficial de matéria orgânica (excrementos de animais, folhas, galhos e troncos em decomposição), produzida pela própria floresta. É dessa camada superficial rica em húmus, chamada serrapilheira, que árvores e plantas extraem praticamente todos os nutrientes de que necessitam. Entretanto, existem variações no interior da própria floresta: os solos das matas de igapó e de várzea, por exemplo, apresentam maior fertilidade, já que recebem, sazonalmente, nas épocas de cheias, os sedimentos depositados pelos rios e igarapés. Nesse sentido, os cursos de água têm papel fundamental na manutenção da vida na Amazônia. Com mais de sete mil cursos de água principais, a bacia hidrográfica Amazônica é a maior do mundo.
 No leito de seus rios correm cerca de 20% da água doce existente na Terra. Nela está localizado o rio Amazonas, o maior rio em extensão e em volume de água do mundo, com cerca 6,9 mil km de extensão.
  Na maior parte da bacia hidrográfica Amazônica, em razão do relevo predominantemente plano, os rios são caudalosos e repletos de meandros. Esses cursos de água são as principais vias de transporte na região.
  Além da interdependência dos elementos naturais, outra particularidade importante do bioma amazônico está em sua espetacular biodiversidade. Especialistas estimam que, dos 1,5 milhão de espécies de vegetais e animais catalogadas até o momento em todo o planeta, aproximadamente 10% vivem na Amazônia. Cerca de 80% dessas espécies, que incluem árvores, arbustos, plantas, fungos, insetos, répteis, aves, peixes, mamíferos, entre outras formas de vida, são endêmicas, ou seja, são organismos encontrados exclusivamente nesse bioma, dos quais boa parte vive em ecossistemas específicos no interior da floresta.

Amazônia: um bioma ameaçado
  Ainda que a Amazônia compreenda uma vastidão de florestas, dispondo de uma imensa biodiversidade, o equilíbrio desse bioma apresenta grande fragilidade. Como os ecossistemas existentes no interior desse domínio natural relacionam-se intensamente uns com os outros, sendo possível afirmar que qualquer alteração em um dos seus elementos deverá interferir na particularidade dos demais. Um exemplo disso é a derrubada de árvores para uso agrícola ou para atividade de garimpo. A retirada da floresta elimina a serrapilheira, onde está a camada de húmus que fertiliza e protege os horizontes mais superficiais dos solos amazônicos. Sem ela, as camadas arenosas ficam expostas às intempéries, sobretudo às chuvas torrenciais que caem diariamente na região, causando a laterização dos solos e o assoreamento dos rios e igarapés.

Desmatamento - uma ameaça à Floresta Amazônica
  Nas últimas décadas, o processo de ocupação e de exploração dos recursos naturais da Amazônia intensificou o ritmo de desflorestamento da região, ameaçando o equilíbrio dos ecossistemas e a biodiversidade existente nesse domínio natural, incluindo espécies da flora e da fauna ainda desconhecidas por estudiosos e cientistas.

  Vários estudos, produzidos com base em levantamentos de campo e por sensoriamento remoto (imagens de radar e satélites), mostram um progressivo aumento da área desflorestada na região Amazônica. A maioria dos desmatamentos está em uma faixa de terras que vai do nordeste do Pará, passando pelo noroeste do Maranhão e do Tocantins, pelo norte do Mato Grosso e por Rondônia, até o Acre. É o chamado arco de desflorestamento da Amazônia.

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