Complexo Regional Nordeste.
Devido
às características do clima, vegetação e população, o Nordeste foi dividido em
outras quatro sub-regiões: Sertão, Zona da Mata, Agreste e Meio Norte.
O
Relevo
O
relevo nordestino é caracterizado por planaltos, depressões e planícies. Na
porção oeste, estão localizados os Planaltos e Chapadas da bacia do rio
Parnaíba (Chapada Diamantina), Na região central, está a depressão que ocupa a
maior parte do Nordeste, causada pelo rio São Francisco, no litoral estão as
planícies e tabuleiros, e, numa parte leste (mas não no litoral), está o
planalto da Borborema, que é um dos principais responsáveis pela seca (impede
as chuvas de chegarem ao sertão.)
Hidrografia

A
rede fluvial do Nordeste é composta por muitos rios temporários, que secam
durante boa parte do ano, porém alguns são perenes. O rio principal, o São
Francisco, é um dos maiores do Brasil, e corta desde o sul da região, passa
pelo interior e deságua no Oceano Atlântico. Ele é de extrema importância para
o nordeste, pois é a salvação para milhões de habitantes do sertão nordestino.
Também é muito utilizado para transporte de cargas e pessoas, irrigação de
lavouras.
Rio
São Francisco
Por
cortar regiões de diferentes altitudes, as quedas d’água são bastante
utilizadas para construção de hidrelétricas e geração de energia, que é
destinada ao consumo da região centro-sul e do próprio nordeste. Algumas das
mais importantes usinas: Três Marias, Sobradinho, Itaparica, Paulo Afonso (I,
II, III e IV) e a de Xingó.
O
rio também é muito utilizado para transporte, principalmente numa faixa de
aproximadamente 1000 km de extensão, que vai desde Pirapora em Minas Gerais até
Juazeiro na Bahia e Petrolina em Pernambuco. O velho Chico, como é conhecido
pelos nordestinos, está servindo também para irrigação nas áreas mais secas,
possibilitando a produção de frutas para exportação.
As sub-regiões:

1- O Meio-norte
Abrange os estados do Piauí e o Maranhão. Do ponto de vista natural, é uma sub-região entre o Sertão semiárido e a Amazônia equatorial.
Essa sub-região apresenta clima tropical, com chuvas intensas no verão. No sul do Piauí e do Maranhão, aparecem vastas extensões de cerrado. No interior do Piauí existem manchas de caatinga. No oeste do Maranhão, começa a floresta equatorial. Por isso, nem todo o Meio-Norte encontra-se no complexo regional nordestino: a parte oeste do Maranhão encontra-se na Amazônia.
O Meio-Norte exibe três áreas diferentes, tanto pela
ocupação como pela paisagem e pelas atividades econômicas.
O sul e o centro do Piauí, dominados pela caatinga, parecem uma continuação do Sertão. Essa área foi ocupada pela expansão das fazendas de gado, que vinham do interior de Pernambuco e do Ceará. A atividade pecuarista foi a responsável pela fundação de Teresina, a única capital estadual do Nordeste que não se localiza no litoral.
O Vale do Parnaíba é uma área especial. Recoberto pela Mata dos Cocais, tornou-se espaço de extrativismo vegetal do óleo do babaçu e da cera da carnaúba. Essas palmeiras não são cultivadas. A exploração dos seus produtos consiste apenas no corte das folhas da carnaúba e em recolher os cocos do babaçu que despencam da árvore.
Nas áreas úmidas do norte do Maranhão, situada já nos limites da Amazônia, formaram-se fazendas com policulturas que cultivam o arroz como principal produto. As chuvas fortes e as áreas semi alagadas das várzeas dos rios Mearim e Pindaré apresentam condições ideais para a cultura do arroz.
2- O Sertão

A
ocupação do Sertão, ainda na época colonial, se deu pela expansão das áreas de
criação de gado. A pecuária extensiva representa, até hoje, a principal
atividade das grandes propriedades do semiárido.
No
século XVIII, a Revolução Industrial estava em marcha na Inglaterra. As
fábricas de tecidos produziam cada vez mais, obtendo lucros fabulosos e
exigindo quantidades crescentes de matérias-primas. Por essa época, começou a
aumentar o plantio de algodão no Sertão nordestino. Vender algodão para os
industriais ingleses tinha se tornado um ótimo negócio.
No
século XIX, a Guerra Civil entre nortistas e sulistas nos EUA desorganizou as
exportações de algodão estadunidense. No Nordeste, os pecuaristas do Sertão
passaram a cultivar o algodão em uma parte das suas terras e o Brasil tomou
mercados antes controlados pelos EUA. Os plantadores de algodão do Sertão
tornaram-se ricos fazendeiros, que disputavam o poder e a influência com os
usineiros da Zona da Mata.
No
interior do Sertão definiu-se uma zona na qual as precipitações pluviométricas
são mais baixas, denominada "Polígono das secas". Porém não é verdade
que as secas se limitem ao Polígono: muitas vezes, elas atingem todo o Sertão e
até mesmo o Agreste. Também não é verdade que todos os anos existem secas no
Polígono.
No
Sertão existiram secas históricas que duraram vários anos, provocaram grandes
tragédias sociais até hoje lembradas.
As
grandes secas ocorreram após vários anos de chuvas irregulares. A primeira
grande seca historicamente documentada ocorreu no período de 1721 a 1727. Um
historiador, Tomás Pompeu de Assis Brasil, escreveu que "1722 foi o ano da
grande seca, em que não só morreram numerosas tribos indígenas, como o gado e
até as feras e aves se encontravam mortas por toda a parte."
Além
das grandes secas, ocorrem também secas localizadas, que atingem pequenos
trechos de um ou outro estado nordestino mas causam muitos estragos. Geralmente
elas são provocadas pela falta de boas chuvas nas semanas seguintes ao plantio
do milho, do feijão e do algodão.
O
plantio é feito logo depois das primeiras chuvas do verão. A germinação e o
crescimento das plantinhas dependem da continuidade das chuvas, na quantidade
exata. Se as chuvas se reduzem, o calor e a insolação matam as lavouras que
acabaram de germinar. Quando volta a chover, o camponês faz novas plantações.
Mas, se as chuvas cessam novamente começa a tragédia.
A
essa altura, o camponês não tem mais dinheiro ou crédito nos bancos. Não
consegue, por isso, recomeçar o plantio. O milho e o feijão guardados do ano
anterior são consumidos. Sem dinheiro e sem alimentos, resta esperar a ajuda do
governo ou então tomar rumo das cidades. Assim, o sertanejo vira retirante.
O
cultivo de uva no sertão do Piauí já é uma realidade. O Assentamento Marrecas,
na zona rural do município de São João do Piauí, a 450 quilômetros de Teresina,
pioneiro na produção da fruta em escala comercial, se prepara para ampliar seus
parreirais para conquistar novos mercados, inclusive São Paulo.
Veja o vídeo.
Resultado
de parceria do Governo do Estado e a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do
São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), a experiência dos assentados com a
produção de uva é recente. O registro da primeira safra data de 2007, quando
foram colhidas 17 toneladas numa área de quatro hectares. A importância da ajuda do governo para melhora as condições econômicas e sociais da população local.
3- O Agreste

Na verdade, grande parte do Agreste corresponde ao planalto da Borborema, voltada para o oceano Atlântico, recebe ventos carregados de umidade que, em contato com o ar mais frio, provocam chuvas de relevo. Na encosta oeste do planalto, as secas são frequentes e a paisagem desolada do Sertão se torna dominante.
O povoamento do Agreste foi consequência da expansão das plantações de cana da Zona da Mata. Expulsos do litoral, os sitiantes e criadores de gado instalaram-se nas terras do interior, antes ocupadas por indígenas. Dessa forma, o Agreste transformou-se em área produtora de alimentos. O Agreste abastecia a Zona da Mata de alimentos e esta por sua vez a Europa exportando açúcar.
Após o fim da escravidão, as plantações canavieiras passaram a utilizar trabalhadores temporários, empregados durante a época da colheita. O Agreste passou a fornecer esses trabalhadores: sitiantes e camponeses pobres que deixam a sua terra nos meses de safra (transumância). Enquanto os homens ganham algum dinheiro na colheita, as mulheres e os filhos permanecem cuidando da lavoura doméstica.
As diferenças entre as duas sub-regiões não estão apenas naquilo que produzem, mas em como produzem.
Na Zona da Mata, as sesmarias açucareiras da época colonial foram se dividindo e deram origem a centenas de engenhos. Alguns nem faziam açúcar, apenas rapadura e aguardente. Mesmo assim, as fazendas resultantes não se tornaram pequenas propriedades, uma vez que os proprietários precisavam manter uma área suficiente para abastecer os engenhos.
No Agreste, ao contrário, as propriedades foram se subdividindo cada vez mais, já que não cultivavam cana nem tinham engenhos.
Com a sucessão de diversas gerações, as propriedades do Agreste atingiram um tamanho mínimo, suficiente apenas para a produção dos alimentos necessários para a família, ou seja, para a prática da agricultura de subsistência.
A pobreza do Nordeste está associada a esse contraste do mundo rural. De um lado, as usinas e fazendas açucareiras da Zona da Mata concentram a riqueza nas mãos de uma pequena parcela de proprietários. De outro, os minifúndios do Agreste mantém na pobreza as famílias camponesas, que não tem terras e técnicas suficientes para praticar uma agricultura empresarial.
Nos últimos anos vem se dando um processo de concentração de terras no Agreste, em virtude principalmente, da expansão de propriedades de criação de gado para corte.
4- A zona da mata

Na época colonial, instalou-se nesse área o empreendimento açucareiro escravista. As condições ecológicas são ideais para o cultivo da cana. Os solos, férteis e escuros, conhecidos como massapê, cobrem os vales dos rios, que ficaram conhecidos como "rios do açúcar". Vários desses rios são temporários, pois suas nascentes localizam-se no interior do semi-árido.
Como os solos dos tabuleiros são menos úmidos e mais pobres que o massapê, não eram usados para o plantio da cana. Assim, inicialmente, toda a produção agrícola e até a pecuária localizavam-se na faixa úmida do litoral, onde se instalaram sítios familiares produtores de alimentos e fazendas de gado.
Muita coisa mudou na Zona da Mata desde a época colonial. A escravidão deu lugar ao trabalho assalariado dos boias frias. Os antigos engenhos foram substituídos por usinas de açúcar e álcool. Mas a cana permaneceu como produto principal da faixa litorânea do Nordeste.
O principal motivo dessa permanência esta na força política dos proprietários de usinas e fazendas. Durante o século XX, a produção de cana, açúcar e álcool do Centro-Sul evoluiu tecnicamente, superando a produção da Zona da Mata. Mas os usineiros sempre conseguiram ajuda do governo federal ou dos governos estaduais, sob a forma de empréstimos, perdão de dívidas ou garantia de preços mínimos. Dessa forma, impediram a diversificação da agricultura do litoral nordestino.
Além disso, a produção de frutas vem adquirindo importância na Zona da Mata. Há várias frutas nativas do Nordeste - como o caju, o cajá, a mangaba e a pitanga - que servem para fazer deliciosos sucos e doces. Outras frutas, provenientes das áreas tropicais do Oriente - como a graviola, a jaca e a manga - adaptaram-se muito bem aos climas e solos nordestinos.
Fonte:
e muito grande
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